projeto educativo ou projeto pedagógico

as agregações vieram dar cabo dos poucos projetos educativos (ou pedagógicos) que por aí existiam;

ao juntar escolas e ao obrigar à seleção de novos elementos da gestão desbarataram-se aqueles que conheciam um contexto, que habitualmente (mesmo por questões de hábito) criavam relações entre os recursos que tinham pela frente e os problemas que se identificavam;

podia existir um projeto educativo limitado ao papel, mas existia pelo menos uma ideia de projeto pedagógico na cabeça daquele/a diretor/a;

era o líder, por reconhecimento ou por teimosia definida pelo tempo - aqueles que se eternizam no poder - que definiam o projeto pedagógico de uma escola, que permitia que se identificasse com ele, que permitia atribuir coerência ao que cada professor fazia, definia o papel do aluno ou as funções de pai/encarregado de educação;

bem ou mal, melhor ou pior, um/a diretor/a conhecia a sua escola, os seus problemas, era-lhe fácil definir (o que ainda hoje vigora mas já não rende) o perfil daqueles que se adaptavam a uma ou outra situação, respondiam e geriam este ou aquele problema;

juntar duas escolas, por muito incrível que possa parecer, mesmo que tivessem apenas uma rede a separá-las, foi juntar culturas diferentes, ambientes diferentes, climas diferentes, estratégias diferentes, pessoas diferentes - em síntese, uma história diferente;

agregar escolas aumentou o número de variáveis da gestão mas os gestores mantiveram as mesmas estratégias; neste momento está cada um para seu lado, isolados, distantes, salve-se quem puder, lei do desenrasca a definir limites;

hoje os professores são alvos fáceis, patos sentados à espera de tiro (ou dos pais/encarregados de educação, de alunos ou de colegas, ou do/a diretor/a);

neste momento, pelo que vejo em redor, são poucas, muito poucas, aquelas que apresentam uma estratégia (coerente, consistente) de criação de novos climas e outras culturas de escola;

não há nem projeto educativo
(pelo que analiso naqueles que estão disponíveis são vazios de sentido, raramente apresentam critérios de ação ou, os que apresentam, são muito limitados, os objetivos têm contorno pedagógico, mas para inspeção ver, por vezes são replicados de projetos anteriores, imbuídos de intenções mas que aparentam difícil articulação com a prática de sala de aula);

nem projeto pedagógico
o/as diretore/as sentem manifestas dificuldades em passar de uma gestão de proximidade, como a que foi caraterística do antigamente, para uma gestão que tem de ser assumidamente partilhada e distante, colegial e de monitorização;

resultado, não há sentidos comuns, há trabalho coletivo feito por cada um; mesmo que por vezes existam tentativas individuais de responder a problemas (de aprendizagem, de sucesso, de comportamento, de contexto e de cultura de escola) desvanece-se na individualidade; é como se tivéssemos 11 Cristianos Ronaldos na mesma equipa; não dá;

mas não me fico pela moenga;

começo por dizer, simplesmente que há que ter tomates para assumir os desafios - e aqui o papel das lideranças que não temos nem se adaptaram a novos contextos, não perspetivam novas realidades, ainda não acordaram para outras dinâmicas;

isto é, não se pode agir, nem decidir com base no medo (no medo das conformidades, no medo da inspeção, no medo dos resultados, no medo das considerações dos pais/encarregados de educação, no medo disto e daquilo ou do simples papão);

para que se evite o medo, criem-se parcerias dinâmicas, envolvam-se parceiros locais de sempre, cumpram-se os objetivos dos órgãos (conselho pedagógico, conselho geral) criem-se equipas de monitorização, acompanhamento, avaliação, co responsabilizando e envolvendo;

desconcentrem-se processos, deleguem-se responsabilidades, envolvam-se as pessoas, assumam-se os cargos com outra dinâmica; repensem-se modelos de organização e gestão do trabalho dos professores, dos tempos letivos, da distribuição de alunos, de respostas de apoio;

errou-se, corrija-se; acertou-se, aprofunde-se, flexibilizem-se modelos curriculares, considerem-se outros processos; identifique-se um ponto de arranque; definam-se critérios, regras, evite-se a descricionariedade e a arbitrariedade - tenham eles na base a tradição ou a legislação ou o medo,

sem medo, porque o que sempre foi assim não resulta,

precisamos de ousadia, de novas vontades, novas lideranças - inteligentes, mobilizadoras, partilhadas; sem medo...

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