perceber e não compreender

agora dá-me para esticar os textos e avançar para um pensar que não é alto, mas partilhado, quais divagações solitárias de quem se pensa e pensa o trabalho que se tem;

ontem, outra conversa entre pessoas de setores (profissionais) diferentes a irem num mesmo sentido, o extremar de posições, o radicalizar de situações, a criação de dicotomias, o eu e o tu, o nós e o vós, de um lado e do outro - normal não é por que os tempos são de redes, de partilhas, de disseminações, de fluxos e não de binómios ou dicotomias do século passado;

levou-me a pensar e a partilhar ideias sobre um pensamento que este ano letivo - mais que em anos anteriores e ainda não percebi por quê - sinto com particular acuidade e que já aqui deixei em nota anterior; os bons alunos têm bons resultados, os maus alunos afundam-se na sua falta de resultados;

este ano sinto mais que em anos anteriores, o facto de um aluno com enquadramento familiar estável, filho de pessoas algo diferenciadas (com isto quero dizer com formação, se bem que não tenha de ser superior, emprego terciário, estabilidade económica e social), são os melhores alunos, aqueles que apresentam, até à altura do 7º ano (escrevo sobre o ensino regular) um percurso limpo, sem retenções e com níveis sempre em três;

em contrapartida, aqueles alunos que enquadro em situações mais precárias, com contextos sociais e familiares mais instáveis (segundos casamentos, famílias monoparentais, emprego primário ou, quanto muito, setor secundário) vejo e sinto mais dificuldades, um interesse desvanecido pela escola, um alheamento que tem crescido ao longo dos períodos e que se traduz em notas fracas, chochas, por esta altura com claros e assumidos riscos de retenção;

entre uns e outros vejo alguma indiferença, que não sei se é impotência de contrariar as circunstâncias, algum alheamento da escola em criar processos de permitam colmatar, ultrapassar défices sociais ou familiares;

será assim? por que será? por que sinto isto este ano mais que em anos anteiores quando conhecia mais e melhor o contexto?

é que consigo perceber a criação das distâncias, entre o bom e o mau aluno, entre o interessado ainda que não perceba qual o papel da escola no seu futuro, mas que encara essa relação, e aquele que não quer nem ver a escola e menos ainda qualquer tipo de interesse que possa daí decorrer; não consigo é compreender o papel da escola da sua organização, estrutura, gestão de recursos, ação educativa e escolar isso é que não compreendo

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