campo e cidade
de quando em vez, quase sem dar conta de tal acontecer, surgem pretextos para pensar e escrever sobre aquilo que gosto, a escola;
preciso de algum tempo para perceber os sinais que me são enviados, o texto que, antes de eu escrever, me é dado a ler e ver por quem me rodeia;
ontem, aula de oferta completar, uma aluna apresentava um trabalho sobre o campo e a cidade; trabalho de 7º ano, nada de monta, mas esforçado; escolheu o tema por, nas palavras dela mesma, estar cansada de gozarem com ela por viver no campo, de uns quantos estarem constantemente a assinalar, pejurativamente pelo que percebi, as diferenças entre aqueles que são ou vivem no campo e aqueles que são ou vivem na cidade;
no final da sua apresentação questionou os colegas sobre que diferenças viam entre o campo e a cidade, o que era viver no campo e na cidade;
ora este foi o pretexto para pensar em transpor para aquele contexto (o meu, de uma escola de cidade no meio do campo), aquele que foi o tema central da última edição da revista sísyphus, do instituto de educação - dedicado precisamente à relação que o contexto rural e interior e isolado tem sobre a escola ou esta sobre aquele;
em termos de escola e perante os comentários que ontem ouvi, foi algo claro um dos elementos que causa dor, constrangimento e maus resultados, precisamente a relação entre campo e cidade ao nível da escola e da educação;
no campo as aprendizagens são (e falo na generalidade e não em particularidades) mais concretas, diretas, práticas, imediatas, sensoriais, emotivas;
na cidade, por seu turno, as aprendizagens são distantes, teóricas, fluídas, abstratas, racionalizadas, normalizadas e padronizadas;
estas diferenças repercutem-se nos modos e nas experiências que cada aluno transporta não apenas para a escola, mas, de forma muito particular, para dentro da sala de aula, na forma de organizar o seu pensamento, de se relacionar com um contexto hierárquico e normalizado, de fazer perguntas, de levantar questões; como se repercute nas formas e nos modos de os professores apresentarem os conteúdos e lecionarem temáticas;
a escola foi e é, desde as suas origens, uma organização urbana, formal, hierarquizada e assumidamente racional; pretende fazer e definir essa mesma separação, criar a fronteira entre o campo (rude, do trabalho braçal, das emoções, das dimensões mais concretas) e a cidade (feita de saberes fluídos, racional, normalizada, hierárquica);
para o aluno que tem vivências fora deste contexto de urbanidade a escola (e a educação) tornam-se algo distantes, fora daquilo que para eles é normal e a norma e, assumidamente e para aqueles que são os objetivos da escola e do regime disciplinar (de disciplinas) "anormal"; vai daí e os resultados são o que são neste interior urbano feito de campo;
mas no final perguntei, e o que dizer e considerar daqueles que são urbanos, nascidos, criados e vividos, e que optam por viver no campo?
preciso de algum tempo para perceber os sinais que me são enviados, o texto que, antes de eu escrever, me é dado a ler e ver por quem me rodeia;
ontem, aula de oferta completar, uma aluna apresentava um trabalho sobre o campo e a cidade; trabalho de 7º ano, nada de monta, mas esforçado; escolheu o tema por, nas palavras dela mesma, estar cansada de gozarem com ela por viver no campo, de uns quantos estarem constantemente a assinalar, pejurativamente pelo que percebi, as diferenças entre aqueles que são ou vivem no campo e aqueles que são ou vivem na cidade;
no final da sua apresentação questionou os colegas sobre que diferenças viam entre o campo e a cidade, o que era viver no campo e na cidade;
ora este foi o pretexto para pensar em transpor para aquele contexto (o meu, de uma escola de cidade no meio do campo), aquele que foi o tema central da última edição da revista sísyphus, do instituto de educação - dedicado precisamente à relação que o contexto rural e interior e isolado tem sobre a escola ou esta sobre aquele;
em termos de escola e perante os comentários que ontem ouvi, foi algo claro um dos elementos que causa dor, constrangimento e maus resultados, precisamente a relação entre campo e cidade ao nível da escola e da educação;
no campo as aprendizagens são (e falo na generalidade e não em particularidades) mais concretas, diretas, práticas, imediatas, sensoriais, emotivas;
na cidade, por seu turno, as aprendizagens são distantes, teóricas, fluídas, abstratas, racionalizadas, normalizadas e padronizadas;
estas diferenças repercutem-se nos modos e nas experiências que cada aluno transporta não apenas para a escola, mas, de forma muito particular, para dentro da sala de aula, na forma de organizar o seu pensamento, de se relacionar com um contexto hierárquico e normalizado, de fazer perguntas, de levantar questões; como se repercute nas formas e nos modos de os professores apresentarem os conteúdos e lecionarem temáticas;
a escola foi e é, desde as suas origens, uma organização urbana, formal, hierarquizada e assumidamente racional; pretende fazer e definir essa mesma separação, criar a fronteira entre o campo (rude, do trabalho braçal, das emoções, das dimensões mais concretas) e a cidade (feita de saberes fluídos, racional, normalizada, hierárquica);
para o aluno que tem vivências fora deste contexto de urbanidade a escola (e a educação) tornam-se algo distantes, fora daquilo que para eles é normal e a norma e, assumidamente e para aqueles que são os objetivos da escola e do regime disciplinar (de disciplinas) "anormal"; vai daí e os resultados são o que são neste interior urbano feito de campo;
mas no final perguntei, e o que dizer e considerar daqueles que são urbanos, nascidos, criados e vividos, e que optam por viver no campo?
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